No Carnaval de 2011 viajei com meus amigos Ricardo (Rica) Serpa e Guilherme (Gui) Villar para a Costa Rica, um dos melhores destinos de surf do planeta. Localizado na América Central, é um país lindo, com gente hospitaleira e abençoado com ondas de primeiríssima qualidade. Agua quente e vento terral completam o cenário deste lugar, que considero uma Disneylândia para surfistas! Espero que curtam o vídeo, fotos e informações desta surf trip.
Voamos de Miami para o aeroporto de Liberia, na região de Guanacaste, e dirigimos por aproximadamente duas horas para o Tamarindo Diria Beach Resort, onde ficamos hospedados. Esta seria nossa base para explorar os picos de surf da região. A praia em frente ao hotel não oferecia ondas, então acordávamos às 5 da manhã e dirigíamos até outras praias. Nossas prediletas foram Playa Negra, Playa Avellanas e Playa Grande.
Em uma surf trip, tão importante quanto o destino, é a companhia com que se vai viajar. Para a Costa Rica fui muito bem acompanhado pelos queridos amigos Rica e Gui. Rica é um amigo de vida inteira, nos conhecemos no Colégio Andrews, onde cursei do Ginásio até o Vestibular. Após nos formarmos o destino nos levou a caminhos distintos e voltou a nos aproximar em 2002 quando eu me mudei com a família para Weston, Florida, nos Estados Unidos. Chegando lá descobri que ele havia casado com a Nicole Villar (coincidentemente uma amiga de infância da Bitty) e estava morando naquela mesma cidade. Foi também quando conheci o Gui, enteado do Rica e filho do primeiro casamento da Nicole.
Com o reencontro e vivendo no exterior, a amizade se fortaleceu e nos encontrávamos com frequência até 2005, quando retornei ao Brasil. Continuamos, entretanto, mantendo contato e nos encontrando de forma mais esporádica, em viagens entre Rio de Janeiro e Weston, até que no final de 2010 Rica comentou comigo que estava planejando uma surf trip para Costa Rica com o Gui no Carnaval de 2011, e me perguntou se eu não me animava a ir também... me animei e assim nasceu esta surf trip!
Em fevereiro de 1990, Rica resolveu jogar para o alto uma carreira de sucesso como executivo em finanças e marketing para perseguir um sonho pessoal.
Contrariando o conselho de todos, deixou seu trabalho como Gerente de Exportação de uma gigante multinacional no Rio de Janeiro, para se dedicar totalmente à fotografia profissional. Com um pouco de sorte e muito talento, foi contratado como fotojornalista do Jornal do Brasil, um dos principais jornais brasileiros à época, sob o comando de um mestre da fotografia, Rogério Reis. Lá passou três anos como “aprendiz de feiticeiro”, empenhando-se em todos os tipos de tarefas e aprendendo a fotografar nas mais diversas situações. Não poderia ter tido um campo de treinamento melhor.
Fast-forward para junho de 2000 e Rica se mudou com a família para os Estados Unidos, indo morar numa cidade chamada Weston, no sul da Florida, onde fundou uma empresa de e-commerce focada em vender produtos Made in Brazil. Com o tempo percebeu a necessidade de um estúdio fotográfico comercial de alto padrão na área onde morava, e assim, em julho de 2005, Rica abriu seu estúdio fotográfico, Lux Images. A empresa foi um sucesso e logo se tornou referência no sul da Flórida por qualidade e inovação em fotografia de retratos e estilo de vida. Em 2014 a Lux Images virou Ricardo Serpa Photography, especializada em fotografia documental, de viagens e eventos sociais.
Em 2013 Rica embarcou em uma jornada solo de moto da Flórida ao Alaska, percorrendo 30.000 km. Durante essa viagem, ele combinou suas paixões por fotografia e viagem, capturando imagens espetaculares de pessoas, animais e locais extraordinários. A experiência proporcionou a Rica uma sensação única de liberdade e paz interior, motivando-o a buscar novas aventuras. Em 2015, ele colaborou com a Ayres Adventures para criar o primeiro passeio Photo-Moto do mundo, que integrava passeios de moto com workshops de fotografia. Em 2021, Rica se tornou o Global Tours Director da Hertz Rides Tours, encarregado de planejar e operar tours de moto em todo o mundo.
Ao longo de todos estes anos Rica sempre encontrou espaço para sua paixão pelo surf, tendo surfado locais paradisíacos como Tavarua e Cloudbreak em Fiji, Mentawaii na Indonésia, Hawaii e muitos outros. Deixo abaixo uma amostra de seu trabalho, um testemunho de sua sensibilidade e talento com fotografia. Anne Guedes, uma conhecida fotógrafa australiana uma vez disse "As melhores imagens são aquelas que mantêm sua força e impacto ao longo dos anos, independentemente do número de vezes que você as visualiza." ... e esta frase descreve bem o que Rica transmite através de suas fotografias.
Conheci o Gui em 2002, quando me mudei com a família para Weston, Florida, e retomei contato com o Rica.
Ao me mudar, levei a prancha de surf na esperança de pegar umas ondas na Florida, e o Gui comentou de um local onde de vez em quando rolavam umas boas ondas, um pico chamado Sebastian Inlet, que ficava 250 km ao norte de Weston. Me empolguei e combinamos que o Gui me avisaria quando a previsão das ondas fossem promissoras. Certo dia o Gui me sinalizou que a previsão era boa para o fim de semana, e combinamos de sair bem cedo pois o pico era longe. Madrugamos no sábado e partimos para Sebastian Inlet. Ao chegar lá, depois de duas horas e meia de estrada, encontramos o mar totalmente flat! Acabei não fazendo outra tentativa de surfar na Florida e no final das contas a minha prancha foi a passeio para a Florida, voltando para o Brasil sem ter sido usada.
Em 2017 o Gui pediu demissão da empresa de Supply Chain onde trabalhava como Coordenador de Logística em Miami, para perseguir um sonho de viajar pelo mundo. Tirou um sabático de um ano e partiu em uma viagem espetacular que o levaria a 20 países em três continentes.
Ao retornar do sabático Gui foi morar em New York, onde conseguiu uma posição em uma empresa de construção. Ali permaneceu até 2020, quando então se mudou de volta para o Rio de Janeiro. Hoje Gui trabalha com seu pai, Paulo Villar, e surfa as ondas cariocas.
Playa Negra é uma linda praia de areia preta, famosa por suas rápidas ondas tubulares de direita, consistentemente moldadas por seu fundo de pedra. Apesar do pico não estar crowd, a onda só quebra em um ponto, portanto não tivemos a oportunidade de pegar muitas. Para mim, entretanto, qualidade sempre ganha de quantidade, e portanto saí bem satisfeito com a sessão de surf.
Playa Avellanas é uma praia de fundo de coral, de ondas consistentes, e se destaca como um dos melhores locais para surfar na Costa Rica. Fomos recebidos com um vento terral perfeito e quase ninguém dentro da água. Pegamos muitas ondas, principalmente de direita, pois a esquerda levava para a parte onde o coral ficava exposto, acima da linha d'água. Peguei altas ondas, e considero esta minha sessão de surf predileta da trip.
As areias fofas de Playa Grande não atraem apenas surfistas de todo mundo. Tartarugas marinhas buscam essa praia todo ano, entre Outubro e Maio, para depositar seus ovos. Nós escolhemos esta praia de ondas constantes para ser nosso destino de todo final de tarde. Apesar de sempre cheio de surfistas, a praia tem muitos picos espalhados por sua longa extensão, o que nos permitiu pegar muitas ondas. Eu tive a felicidade de pegar alguns tubos, e nunca esquecerei esse maravilhoso pico.
Em nosso último dia acordei ansioso para pegar as últimas ondas da surf trip. Eram aproximadamente 5:00 da manhã quando cheguei no lobby do hotel e percebi dois recepcionistas olhando preocupados para um notebook. Perguntei o que havia acontecido e me disseram que um tsunami tinha acabado de devastar o Japão. Como estávamos na costa do Pacífico imaginei que o tsunami poderia chegar à Costa Rica. Perguntei então se o noticiário havia previsto quanto tempo levaria para o tsunami bater na Costa Rica, e disseram que levaria umas 12 horas. Decidimos então ir surfar, e fomos monitorando o tsunami no noticiário no carro. Isso adicionou um pouco mais de adrenalina à nossa última sessão de surf! Posteriormente soubemos que o tsunami acabou morrendo antes de chegar à Costa Rica.
A estradinha que conecta o Aeroporto de Liberia a Tamarindo é sinuosa e repleta de desafios. Encontramos caminhões em péssimo estado, boiada atravessando a pista e até cavalos correndo em nossa direção. Transitar por essa estrada já é uma aventura por si só, e imagine fazê-lo com pressa.
No dia da nossa partida, programamos um tempo suficiente para desfrutar de uma manhã de surfe e garantir que chegássemos ao aeroporto no horário previsto. Entretanto, após percorrer cerca de dois terços do trajeto, que leva duas horas até o aeroporto, o Rica percebe que esqueceu o passaporte no hotel. Demos meia-volta e voamos baixo para retornar ao hotel e, na sequência, saímos em disparada para o aeroporto. No final, chegamos no último minuto, e apesar do susto, acabou tudo dando certo.
Costa Rica é um país abençoado em muitos aspectos, principalmente em termos de ondas, e eu adoraria voltar mesmo que fosse para surfar os mesmos picos. Há porém muitas outras praias com ondas espetaculares como Pavones, Boca Barranca, Ollies Point, entre outros (vide mapa abaixo). Há uma, porém, que mexe em especial com meu imaginário - Roca Bruja. Localizada em Guanacaste, dentro do parque nacional Santa Rosa, é acessível apenas por barco, e estava no nosso plano surfar lá. Para nossa tristeza não rolou swell em Roca Bruja durante nossa trip. Quem sabe um dia retorno para surfar esse pico mágico.
Costa Rica tem muitos picos diferentes - fundo de pedra, point break, fundo de areia, boca de rio, fundo de coral - e as ondas quebram tanto para a direita quanto para a esquerda. Acrescente a isso água quente o ano todo, ondas consistentes e vento sempre terral, e fica claro porque o país é um dos melhores lugares do mundo para surfar.
Graças às suas duas costas diferentes (Atlântico e Pacífico) e ao clima ameno, você pode surfar na Costa Rica o ano todo. No entanto, dependendo dos destinos e de suas habilidades de surf, alguns meses são melhores que outros.
A costa do Pacífico funciona melhor com ondulação de sul, e as condições mais consistentes podem ser encontradas entre abril e novembro. Esta é a estação das chuvas na Costa Rica. As ondas são mais fortes e maiores, apesar disso varios picos oferecem condições também para os surfistas iniciantes.
A estação seca tem o clima mais agradável e também pode proporcionar condições épicas de surf, apesar das ondas serem um pouco menores do que na estação da chuva. Entre dezembro e abril a ondulação entra de norte, o vento normalmente é terral pela manhã e maral à tarde. Para pegar aquele mar glass perfeito com terralzinho é bom acordar bem cedo!
A costa caribenha oferece menos opções de bons picos e a melhor época para surfar é entre dezembro e abril. Dito isto, existem alguns picos que funcionam durante todo o ano e tempestades tropicais ocasionais na costa do México podem provocar grandes ondas.
Na Costa Rica você descobrirá rapidamente o termo Pura Vida, é usado em todos os lugares e com muitas conotações diferentes (“olá”, “tchau”, “está tudo bem”, etc.), mas nunca com um significado negativo. Portanto, se você tiver a oportunidade de ir à Costa Rica, entre nessa vibe e Pura Vida!!
Gostaria de agradecer aos fotógrafos que contribuiram com seu talento para produzir muitas das fotos dessa surf trip:
Gratidão também aos amigos e família que contribuíram direta ou indiretamente, com apoio e paciência, para o sucesso desta surf trip:
Nicole ⚬ Gui ⚬ Barney & Jorgelina ⚬ Chris Bailey @ GangGajang ⚬ Ivan Nunes Ferreira ⚬ Marcelo Boscoli ⚬ Pedro ⚬ Gerald Medley ⚬ Cesarinho ⚬ ...e minha família Bitty, Victoria & Felipe